quinta-feira, 23 de abril de 2009
Palavra escrita
DECLARAÇÃO
Nei Duclós
O que perdi não devolvem
Vou buscar com o revólver
O que ganhei não é posse
Sou um canal, tudo passa
O que falei não se apaga
A vida é uma palavra
O que matei não prestava
Fiz tudo por minha alma
O que senti eu te mostro
Nessa loucura sem trégua
O que sofri foi sem volta
Pois aprendi nos assaltos
O que chorei não se mede
O meu amor é tão vasto
O que procuro eu acho
Estou aberto a machado
Do livro "No meio da rua" de Nei Duclós, Ed.L&PM , 1980
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Este poema foi musicado por Muts Weyrauch, ouça abaixo:
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sábado, 11 de abril de 2009
R&B
VIAGEM A SATURNO - Poesia de Nei Duclós - Música de Muts Weyrauch . Gravação: CD Mutuca Rock'n'Roll Band. (Voyage to Saturn the gun-play lost in childhood that stayed in the space)
poema de hoje:
VIAGEM À SATURNO
Irei até os aneis de Saturno
Para encontrar objetos perdidos
Lá espera o meu revólver de mocinho
Espantarei as moscas do destino
E viajarei como ave sem rumo
Num belíssimo voo diurno
Como um arco-íris meus pés flutuam
Nei Duclós
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Redator
"A foto acima, por exemplo. Um flagrante na redação do jornal O Estado, que inaugurava suas máquinas off-set e convidara Jorge Escosteguy para ser editor de Nacional e Internacional. Escosteguy me chamou para ser seu redator e é nessa atividade que me encontro na imagem acima. Na redação liderada por Marcílio Medeiros, Filho, fazíamos o melhor jornal possível, limitados por inúmeras contingências. Foto que o Cesar Valente guardava para uma ocasião como esta. O que não dá para aguentar é a cara de felicidade do sujeito folheando um jornal. De que ria o rapaz?" N. Duclós
links:
1. BAÚS DA MEMÓRIA , por Nei Duclós
2. Direto da sacristia, por César Valente
poema de hoje
Os esquemas do passageiro
são espirais
ele entra na roda
mas sempre sai
O passageiro não perde a noção do cais
Nem perde a volta
que faz
nem pousa
pra descansar
O passageiro não perde a noção do mar
(Nei Duclós em "No meio da Rua")
quarta-feira, 8 de abril de 2009
Minuano
"Armo as velas nesse vendaval"
VIDEO: Minuano - Música de Zé Gomes, Poema de Nei Duclós.
link: Aquele rádio inesquecível
poema de hoje:
MINUANO
O vento é uma pedra polar
que põe o campo de cabelo branco
e acende meu corpo tropical
O pampa não sonha quando balança
ao som do minuano no varal
mas meu coração se lança contra o tempo mau
Armo as velas neste vendaval."
(N. Duclós - Minuano - No meio da Rua)
"Não posso deixar de trair o meu sossego"
link: Longa vida à UFRGS, por Nei Duclós
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"(...)O primeiro poema que li, de Nei, assim começava: "Olhem o animal da palavra". Era eu. No tempo em que ele o publicou não pude agradecer-lhe.Pois foi quando se dera na Europa e nas Américas aquele histórico e súbito movimento de maturidade e independência dos jovens - os quais se apresentavam de longas barbas, não para imitarem seus venerandos avós, mas sim, creio eu, numa espécie de reencarnação do homem das cavernas -, visto que era preciso recomeçar tudo. Ora, como eu ia dizendo, não pude agradecer pessoalmente ao poeta, pois jamais conseguia diferençar um barbudinho de outro. Sei que agora ele está barbilampinho. Mas noutra cidade, onde diz coisas assim: "Não posso deixar de trair o meu sossego".(...)"
Texto de Mário Quintana no prefácio no segundo livro de Duclós "No Meio da Rua"
link: Prefácio na íntegra de Mário Quintana
poema de hoje:
Olhem o antípoda
olhem o animal da palavra
É um dinossauro na cidade de vidro
borboleta branca na floresta queimada
Respeitem seu andar
e desconfiem com temor
da sua conversa fiada
Ele é o flagelo do Senhor
e vocês não sabem
(Nei Duclós no livro OUTUBRO)
domingo, 5 de abril de 2009
No mar, Veremos
video, realizado por Ferias Floripa: Poema " No Mar, Veremos", do livro do mesmo nome (Ed. Globo, 2001) de Nei Duclós, musicado e cantado por José Gomes, autor da melodia, dos arranjos e da execução dos instrumentos.
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obs.: Eu colocaria modo "tela cheia" :)
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"Lembro que fiquei anos escrevendo o poema. Inventei, na poesia, a lenda do barco que não se entregava, que não se dobrava diante das tormentas, pois sempre voltava e ficava firme na beira. Era uma história da infância transformada pela poesia. Em três ou quatro meses de 1986, quando trabalhava na Lapa de Baixo, em São Paulo, na revista Senhor, eu rescrevi o poema todos os dias. " Nei Duclós
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poema de hoje:
NO MAR, VEREMOS
Nei Duclós
Pescador de rio pequeno
coloca tudo nos eixos:
seu aço guardado em sótão
sua lança quebrada ao meio
Sabe o rumo da tormenta
o passo da palometa
o avesso de toda malha
o limo sob o sereno
Pescador de rio moreno
charrua de preta escama
seu barco já está a prumo
aguarda a voz do minuano
E se vier o mar
com séquito de sereias
a espuma em seu território
a carne suja de areia?
E se vier o mar
usando arpões de baleia
sargaços ardendo em febre
gáveas altas como estrelas?
Pescador tem a resposta
dobrada em lenço vermelho
que aviva os sonhos do sótão
de aço posto nos eixos
Pois o mar é uma lenda
cultivada pelo vento
a porta de um outro mundo
maré de água estrangeira
é uma espécie de terror
com batalhão de tridentes
generais do imperador
roubo de comerciantes
O mar, para um pescador
criado em água corrente
nos arames dos arroios
entre os moirões das fazendas
é uma dança pelo avesso
a trilha do formigueiro
metralha sob a vanguarda
canhão contra baioneta
Pois se vier o mar, veremos
o barco a remo do pampa
puxando um cordão guerreiro
para atiçar a batalha
para tingir os valentes
para costurar a mortalha
do sal que resseca a rede
que suga o sangue farrapo
com sua manha de peixe
Pescador vem do levante
e um milhão atrás dele
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Time de Futebol
foto: time vice-campeao da segunda série ginasial do colégio Sant'Ana de Uruguaiana. Nei Duclós é o goleirão (terceiro da fileira de baixo da esquerda para direita).
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Links: Conjunto de cronicas de esportes assinadas por Duclós, vai lá
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poema de hoje:
EU E O PASSAGEIRO
de tênis
com o andar dos anos cinquenta
que aprendemos nas matinês
Cruzando a praça com nossa roupa gasta
e navegando no fim de todas as tardes
Eu e o passageiro
nas esquinas do tempo
esperando acender as luzes da manhã
opostos e iguais como dois irmãos
ligados por uma ponte subterrânea
do tamanho da palavra Uruguaiana
(Nei Duclós, em No meio da Rua)
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Uma Redação
- A FOTO E OS FATOS, por Nei Duclós
- Os Gaúchos do Santa, por César Valente
- A foto e o amigo, por Sérgio Rubim
- Blog do Mário Medaglia
Nei Duclós mais tarde se mudaria para São Paulo, passando pelas redacoes do jornal Folha de S. Paulo, revistas Brasil 21, Senhor, e IstoÉ. Publicou textos também em O Estado de S. Paulo, Veja e Jornal do Brasil. Atualmente mora em Florianópolis e publica cronicas na Imprensa, para acompanhar visite o DIARIO DA FONTE. Textos sobre a profissao de jornalista voce encontra em seu site.
SENHA
Somos nós, os pescadores
que fizemos do rio uma casa
e de todos os rios, uma pátria
Somos nós, os pescadores
que cruzamos cidades amargas
com os remos fora d’água
e o rosto lavado em sal
Somos nós, os pescadores
Que nos reunimos em silêncio
ao redor do amanhecer
com o sol preso na mão
e a rede tensa
Somos nós o horizonte
onde aportarão os exércitos
sem direção
Levantar um braço, então
será o bastante