VIAGEM A SATURNO - Poesia de Nei Duclós - Música de Muts Weyrauch . Gravação: CD Mutuca Rock'n'Roll Band. (Voyage to Saturn the gun-play lost in childhood that stayed in the space)
poema de hoje:
VIAGEM À SATURNO Irei até os aneis de Saturno Para encontrar objetos perdidos Lá espera o meu revólver de mocinho
Espantarei as moscas do destino E viajarei como ave sem rumo Num belíssimo voo diurno Como um arco-íris meus pés flutuam Nei Duclós
Nei Duclós na redação do jornal O Estado, de Florianópolis, em 1972. Foto de Cesar Valente. "A foto acima, por exemplo. Um flagrante na redação do jornal O Estado, que inaugurava suas máquinas off-set e convidara Jorge Escosteguy para ser editor de Nacional e Internacional. Escosteguy me chamou para ser seu redator e é nessa atividade que me encontro na imagem acima. Na redação liderada por Marcílio Medeiros, Filho, fazíamos o melhor jornal possível, limitados por inúmeras contingências. Foto que o Cesar Valente guardava para uma ocasião como esta. O que não dá para aguentar é a cara de felicidade do sujeito folheando um jornal. De que ria o rapaz?" N. Duclós
poema de hoje: MINUANO O vento é uma pedra polar que põe o campo de cabelo branco e acende meu corpo tropical O pampa não sonha quando balança ao som do minuano no varal
mas meu coração se lança contra o tempo mau Armo as velas neste vendaval." (N. Duclós - Minuano - No meio da Rua)
foto de de Juarez Fonseca, Nei Duclós na época da UFRGS link: Longa vida à UFRGS, por Nei Duclós . "(...)O primeiro poema que li, de Nei, assim começava: "Olhem o animal da palavra". Era eu. No tempo em que ele o publicou não pude agradecer-lhe.Pois foi quando se dera na Europa e nas Américas aquele histórico e súbito movimento de maturidade e independência dos jovens - os quais se apresentavam de longas barbas, não para imitarem seus venerandos avós, mas sim, creio eu, numa espécie de reencarnação do homem das cavernas -, visto que era preciso recomeçar tudo. Ora, como eu ia dizendo, não pude agradecer pessoalmente ao poeta, pois jamais conseguia diferençar um barbudinho de outro. Sei que agora ele está barbilampinho. Mas noutra cidade, onde diz coisas assim: "Não posso deixar de trair o meu sossego".(...)" Texto de Mário Quintana no prefácio no segundo livro de Duclós "No Meio da Rua"
poema de hoje: Olhem o antípoda olhem o animal da palavra É um dinossauro na cidade de vidro borboleta branca na floresta queimada Respeitem seu andar e desconfiem com temor da sua conversa fiada
Ele é o flagelo do Senhor e vocês não sabem (Nei Duclós no livro OUTUBRO)
video, realizado por Ferias Floripa: Poema " No Mar, Veremos", do livro do mesmo nome (Ed. Globo, 2001) de Nei Duclós, musicado e cantado por José Gomes, autor da melodia, dos arranjos e da execução dos instrumentos. . obs.: Eu colocaria modo "tela cheia" :) . "Lembro que fiquei anos escrevendo o poema. Inventei, na poesia, a lenda do barco que não se entregava, que não se dobrava diante das tormentas, pois sempre voltava e ficava firme na beira. Era uma história da infância transformada pela poesia. Em três ou quatro meses de 1986, quando trabalhava na Lapa de Baixo, em São Paulo, na revista Senhor, eu rescrevi o poema todos os dias. " Nei Duclós . poema de hoje: NO MAR, VEREMOS Nei Duclós
Pescador de rio pequeno coloca tudo nos eixos: seu aço guardado em sótão sua lança quebrada ao meio
Sabe o rumo da tormenta o passo da palometa o avesso de toda malha o limo sob o sereno
Pescador de rio moreno charrua de preta escama seu barco já está a prumo aguarda a voz do minuano
E se vier o mar com séquito de sereias a espuma em seu território a carne suja de areia?
E se vier o mar usando arpões de baleia sargaços ardendo em febre gáveas altas como estrelas?
Pescador tem a resposta dobrada em lenço vermelho que aviva os sonhos do sótão de aço posto nos eixos
Pois o mar é uma lenda cultivada pelo vento a porta de um outro mundo maré de água estrangeira
é uma espécie de terror com batalhão de tridentes generais do imperador roubo de comerciantes
O mar, para um pescador criado em água corrente nos arames dos arroios entre os moirões das fazendas
é uma dança pelo avesso a trilha do formigueiro metralha sob a vanguarda canhão contra baioneta
Pois se vier o mar, veremos o barco a remo do pampa puxando um cordão guerreiro
para atiçar a batalha para tingir os valentes para costurar a mortalha do sal que resseca a rede
foto: time vice-campeao da segunda série ginasial do colégio Sant'Ana de Uruguaiana. Nei Duclós é o goleirão (terceiro da fileira de baixo da esquerda para direita). . Links: Conjunto de cronicas de esportes assinadas por Duclós, vai lá . poema de hoje:
EU E O PASSAGEIRO de tênis com o andar dos anos cinquenta que aprendemos nas matinês Cruzando a praça com nossa roupa gasta e navegando no fim de todas as tardes
Eu e o passageiro nas esquinas do tempo esperando acender as luzes da manhã opostos e iguais como dois irmãos ligados por uma ponte subterrânea do tamanho da palavra Uruguaiana (Nei Duclós, em No meio da Rua)
Nei Duclós mais tarde se mudaria para São Paulo, passando pelas redacoes do jornal Folha de S. Paulo, revistas Brasil 21, Senhor, e IstoÉ. Publicou textos também em O Estado de S. Paulo, Veja e Jornal do Brasil. Atualmente mora em Florianópolis e publica cronicas na Imprensa, para acompanhar visite o DIARIO DA FONTE. Textos sobre a profissao de jornalista voce encontra em seu site.
poema de hoje:
SENHA Somos nós, os pescadores que fizemos do rio uma casa e de todos os rios, uma pátria
Somos nós, os pescadores que cruzamos cidades amargas com os remos fora d’água e o rosto lavado em sal
Somos nós, os pescadores Que nos reunimos em silêncio ao redor do amanhecer com o sol preso na mão e a rede tensa
Somos nós o horizonte onde aportarão os exércitos sem direção